Faça parte do canal da Metropole no WhatsApp >>

Domingo, 19 de maio de 2024

Home

/

Notícias

/

Cidade

/

Igrejinha do Rio Vermelho completa 10 anos fechada e acumula problemas causados pela maresia; confira o interior do prédio

Cidade

Igrejinha do Rio Vermelho completa 10 anos fechada e acumula problemas causados pela maresia; confira o interior do prédio

Com capacidade para 72 pessoas sentadas, a igreja tem paredes descascadas e mofadas, além de telhado e forro degradados

Igrejinha do Rio Vermelho completa 10 anos fechada e acumula problemas causados pela maresia; confira o interior do prédio

Foto: Arquivo/Igrejinha do Rio Vermelho

Por: Labelle Fernanda no dia 06 de maio de 2024 às 18:21

Atualizado: no dia 06 de maio de 2024 às 19:02

No  Largo de Sant’Ana, coração do Rio Vermelho, uma construção com mais de 100 anos de existência compõe a paisagem, mas poucas pessoas imaginam como ela está por dentro. Apesar da presença marcante e da boa aparência externa, a Igrejinha de Sant’Ana, popularmente chamada de ‘Igrejinha do Rio Vermelho’, está há mais de 10 anos sem funcionamento e acumula uma série de problemas internos causados pela força do tempo e da maresia. 

Fundada em 1913, a principal construção do Rio Vermelho já funcionou como templo religioso, escola e sede de centros sociais, mas hoje está repleta de rachaduras, fungos e perdendo parte da sua história. Imagens feitas em 2021 mostram o interior da igreja desocupado, com paredes descascando, mofo, sujeira, azulejos e piso desgastado, além da degradação do forro e telhado. Em um relatório feito no mesmo ano, ao qual o Metro1 teve acesso, um arquiteto aponta a necessidade de uma avaliação da estrutura do telhado e do mezanino por um engenheiro habilitado, para indicar as medidas necessárias para garantir a segurança e estanqueidade da igreja.

Foto: Arquivo/Igrejinha do Rio Vermelho

Na década de 1980, a imóvel tinha corrido o risco de ser demolidp, mas foi salvo após uma campanha de moradores que contaram com apoio de personalidades como Jorge Amado, Carybé e Mario Cravo. Para o historiador Rafael Dantas, a Igrejinha faz parte dos espaços históricos que estão abandonados pela capital baiana e precisam passar por um processo de reapropriação, preservando as características, estruturas e história do local. 

“Se não preservamos os espaços históricos, se não preservarmos nossos casarios, não vale a pena fazer um projeto. É preciso preservar e entender a necessidade do entorno, é um processo de respeito mútuo. Isso vale pro Rio Vermelho ou para qualquer outro lugar”, afirmou.

O imóvel da Igrejinha do Rio Vermelho é de propriedade da Arquidiocese de Salvador, ele foi cedido por meio de um comodato (concessão gratuita que permite o uso do móvel ou imóvel, por um certo período de tempo) para a Associação Cultural Beneficente Monsenhor Amílcar Marques (ACBMAM), que atualmente é a responsável pela gestão do espaço e tenta buscar recursos públicos para transformar o local em um Centro de Arte, Cultura e Saúde.

Presidente da associação, o médico psiquiatra Antonio Nery Filho explicou que a intenção da associação é reapropriar e devolver um espaço que seja voltado para a própria comunidade e turistas. “Salvador teria um espaço para exposições, apresentações de orquestras, nós queremos fazer uma pequena biblioteca, criar um espaço de informações turísticas e nós queremos cuidar também dos invisíveis que vivem em torno da igreja”, explicou. 

Entretanto, a falta de recurso para reforma do espaço, que está orçada em R$1,5 milhão, impede de dar prosseguimento ao processo de restauração. O pleito da associação é que a prefeitura da capital financie a reforma e  uma organização não-governamental, no caso a ACBMAM, administre o espaço. “A meu ver, [esse valor] é uma gota d 'água no orçamento da prefeitura e só depende de decisão política  [...] Uma festa no final de semana custa muito mais que a reforma da Igrejinha”, disse Nery. 

Em nota, a Secretaria de Manutenção da Cidade (SEMAN) afirmou não ter  conhecimento de qualquer demanda relacionada à Igreja de Sant’Anna. O órgão ainda reiterou que não é responsável pela manutenção de espaços religiosos e que só realiza a retirada de pichações, na prévia da Festa de Yemanjá (2 de Fevereiro) e outras ações de manutenção no Largo de Santana. A Cúria Metropolitana Bom Pastor - Arquidiocese de São Salvador foi questionada sobre a situação do espaço, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.