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Mentiras, polarização e o porte de armas

Mentiras, polarização e o porte de armas

Essa jogada da CCJ, que aprovou o projeto que pretende permitir que estados legislem sobre posse e porte de armas de fogo, é, no mínimo, para forçar o governo a se posicionar contra algo que é majoritariamente a opinião da população

Mentiras, polarização e o porte de armas

Foto: Reprodução

Por: Metro1 no dia 03 de maio de 2024 às 00:00

Por 34 a 30 votos, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, na última semana, o projeto de lei complementar que propõe passar para os estados e ao Distrito Federal a competência para legislar sobre posse e porte de armas de fogo. O texto diz respeito a equipamentos para defesa pessoal, práticas desportivas e controle de espécies exóticas invasoras. Na prática, ele pretende flexibilizar as regras sobre esse tipo de armamento, que atualmente tem a posse e porte concedidos pela Polícia Federal.

Mentiras sempre fizeram parte da política, naturalmente, mas agora a coisa ganhou um volume. Vamos ao governador Tarcísio de Freitas. Ele disse essa semana que a sociedade está de saco cheio com a polarização política. O mesmo Tarcísio que, há semanas, se trepou no palanque com o Bolsonaro. Bolsonaro que, segundo o site de medição Aos Fatos, mentiu 6.667 vezes nos seus quatro anos de governo.

Mas o Tarcísio, que diz que a população está de saco cheio da polarização, é o mesmo que no auge da matança em Gaza, tendo a tiracolo o governador Ronaldo Caiado (de Goiás), o fundador da UDR, foi até Israel cumprimentar o então mais atuante expoente da extrema-direita mundial que era Benjamin Netanyahu. é o mesmo Tarcísio que tem como seu secretário de Segurança de São Paulo Guilherme Derrite, aquele que diz que é vergonhoso um policial que não tenha ao menos três mortos na carreira e que já matou muito ladrão.

Então o governador que escolheu esse cidadão como secretário de Segurança disse que a sociedade está cansada de polarização, sendo que isso que ele faz não é senão buscar a polarização, se concentrar no campo da extrema-direita como um sucessor de Jair Bolsonaro.

Essa semana, dois policiais da Rota viraram réus na Operação Escudo por matar um homem desarmado. Foram 84 mortos em duas operações do ano passado pra cá, porque Guilherme Derrite está buscando um tipo de apoio e uma inserção. Tanto é que ele quer transformar a Polícia Federal no Exército Particular e isso virou uma crise brutal com a Polícia de São Paulo. Na semana passada, tiveram que recuar, tanto o Derrite quanto o governador Tarcísio

Essa jogada da Comissão de Constituição de Justiça da Câmara dos Deputados, que aprovou projeto de lei complementar que propõe passar para os estados e ao Distrito Federal a competência para legislar sobre posse e porte de armas de fogo, é no mínimo para forçar de novo o governo a se posicionar contra uma coisa que é majoritariamente a opinião da população brasileira.

É a opinião brasileira porque está cheio de Datenas no país. Todas as cidades, todos os estados têm aqueles programas da hora do terror na hora do almoço, no final da tarde. E as pessoas querem isso. Então, no mínimo, obriga o governo a se posicionar contra uma coisa majoritária na opinião pública.

* A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras