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Quarta-feira, 27 de março de 2024

Editorial

MK critica violência policial e lamenta estado 'anestesiado' da população; ouça

"É como se fosse uma coisa que todos estamos inalando, que vem, deixa a gente assim um pouquinho zen. Mas é 'zen' sentido, 'zen' emprego, 'zen' paz, zen tudo!", disse

MK critica violência policial e lamenta estado 'anestesiado' da população; ouça

Foto: Tácio Moreira / Metropress

Por: Metro1 no dia 04 de dezembro de 2019 às 09:05

Em comentário na Rádio Metrópole, na manhã de hoje (4), Mário Kertész voltou a repudiar a violência policial que, em sua avaliação, tem se intensificado graças à ideologia do atual governo. Ele citou a ação policial em Paraisópolis, comunidade da cidade de São Paulo, que terminou com nove jovens mortos, e a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) contra o policial militar Rodrigo José de Matos Soares, acusado de matar Ágatha Vitória Sales Felix, de 8 anos, no Rio de Janeiro.

"Quando a gente vê a polícia espancando, soltando bombas de efeito moral, dizendo que foram perseguidos por bandidos em motocicletas, e não tem registro nenhum disso, ao contrário: tem registro da violencia policial. Da mudança, inclusive, que dizem que houve, da cena [do crime]. E mais: foi feito o pedido ao Samu, e um bombeiro cancelou o chamado dizendo que a polícia já tinha atendido. Nove jovens. Nove vidas ceifadas, por causa da violência policial que faz parte de um clima que está se montando neste país, em que a violência tem que ser combatida com violência, como se isso resolvesse. Nunca resolveu, mas tem governantes que acreditam nisso como solução rápida e fácil para acabar com a bandidagem. (...) E eu conheço boa parte da população que acredita nisso, que tem que matar mesmo! Não tem recuperação, pra quê? Como se fosse possível viver numa democracia e num país civilizado em que o policial tem o direito de matar quem ele acha que é bandido. Porque como é que você sabe? Ele vai saber que todo mundo é bandido? E Ágatha, essa menina do Rio de Janeiro, era bandida também? (...) E vai acontecer o quê? Nada! O governador do Rio de Janeiro [Wilson Witzel] tem verdadeiros orgasmos quando vê um bandido morto. (...) Estamos dando às forças policiais o direito de julgar, condenar e executar em frações de minutos", analisou.

Para MK, o atual estado de coisas sugere que há uma "anestesia geral da população". "É como se a sociedade brasileira estivesse anestesiada, assim, olhando tudo, e não faz nada! Um maestro diz que os Beatles incitavam o comunismo, pra Biblioteca Nacional vai uma pessoa que não entende nada de nada e abre a boca para dizer besteira. Pra Funarte vai outro troglodita. (...) Eu vivi 75 anos sem saber que os Beatles estavam a serviço da União Soviética! (risos) Help, I need somebody! Você precisa de ajuda, rapaz, porque está demais! E o que me preocupa mais nisso tudo é a anestesia, como se tivesse sido colocada uma anestesia no ar que a sociedade respira. Mesmo os intelectuais, os professores, os médicos, os advogados, os artistas, escritores... Eu acho que a gente não pode aceitar. O que não quer dizer, antes que os raivosos comecem a gastar sua adrenalina, que eu queira que o governo dê errado. De jeito nenhum! (...) Agora, o que me preocupa é essa anestesia geral que o povo brasileiro aceitou. Como se fosse uma coisa que todos estamos inalando, que vem, deixa a gente assim um pouquinho zen. Mas é 'zen' sentido, 'zen' emprego, 'zen' paz, zen tudo!", exclamou.

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