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Drauzio Varella critica lobby pela cloroquina e vê SUS fortalecido após pandemia

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Drauzio Varella critica lobby pela cloroquina e vê SUS fortalecido após pandemia

Médico ainda criticou as trocas constantes no Ministério da Saúde: 'Na área da saúde, a política não deve interferir'

Drauzio Varella critica lobby pela cloroquina e vê SUS fortalecido após pandemia

Foto: Mateus Pereira/GOVBA

Por: Matheus Simoni no dia 25 de maio de 2020 às 10:06

Médico oncologista, escritor e cientista, Drauzio Varella criticou o lobby pela cloroquina como medicamento eficaz no combate ao coronavírus. Em entrevista a Mário Kertész hoje (25), durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole, ele afirmou que há uma campanha sem a real definição sobre a substância, que já teve a inutilidade comprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Não há um estudo que mostre que ela tem utilidade. Ela impõe riscos, muitas pessoas têm arritmia cardíaca e morte súbita por uso da cloroquina, além do que, quando você coloca uma droga à disposição, você não sabe como as pessoas vão tomar, se vão tomar como o vizinho tomou ou se vão aumentar a dose. Não tem nenhum sentido essa droga ser tomada fora de estudos científicos. Todos feitos até agora demonstram a inutilidade desse medicamento", afirma.

Varella ainda declarou que não há dúvidas de que uma vacina será desenvolvida contra o coronavírus. No entanto, de acordo com o médico, é importante que os riscos para a população sejam afastados. "Temos condições práticas e financiamento para desenvolver. O problema é que em laboratório ela atesta em algumas pessoas e aumenta o número de anticorpos. Primeiro precisamos verificar se esses dados laboratoriais vão realmente proteger as pessoas e demonstrar que não vão causar problemas ou efeitos colaterais. Será que a pessoa vacinada não vai ter uma doença mais forte do que aquela? Tudo isso tem que ser afastado. Para isso se precisa de um tempo", destacou o especialista.

Questionado por MK, Drauzio Varella avaliou que o Sistema Único de Saúde (SUS) deverá sair fortalecido após a pandemia de Covid-19. Criado a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988 e regulamentado dois anos depois, o sistema é considerado o maior mecanismo de saúde pública do planeta. "O SUS é vilipendiado no Brasil. Temos o maior sistema de saúde pública no mundo. Passamos a vida inteira xingando o SUS e só apontando os defeitos que ele tem. Imagine se não existisse o SUS. Tem uma frase do sanitarista Gonzalo Vecina, que diz que, sem o SUS, é a barbárie. É verdade. Imagina se num momento como esse não tem o SUS? Aqui no Brasil as pessoas xingam o SUS e fazem um plano de saúde, que pagam com dificuldade. Numa hora como essas, você pode ter um plano de saúde maravilhoso e o hospital ao qual você tem direito está lotado. E você vai depender de quem? Do velho SUS, que tem 30 anos e nem é tão velho assim", comentou. 

"O maior programa de vacinação e transplantes de órgãos do mundo é no Brasil. Nós não damos o menor valor. Na Olimpíada de Londres, aparecia no centro do gramado a escritura NHS, que é o National Health System, que é o sistema nacional de saúde. Quando houve olimpíada aqui, tínhamos que ter posto o SUS. Perto do SUS, o NHS é uma brincadeira", acrescentou. 

Drauzio Varella ainda criticou as trocas constantes no Ministério da Saúde. Somente no governo do presidente Jair Bolsonaro, dois chefes da pasta foram demitidos por discordância com o chefe do Executivo. "Nos últimos 10 anos, tivemos 13 ministros da Saúde. Não sei se 14 agora, porque se troca ministros toda hora. O que se consegue fazer nesse tempo?", questionou o médico. "Na área da saúde, a política não deve interferir. Não pode escolher ministro ou secretário por critérios políticos. Não tenho que dar cargo para partido tal para apoiar. Saúde e a Educação não podem ser assim, de jeito nenhum. Tem que haver continuidade, pessoas que tocam o serviço para frente", finalizou.